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QUANDO O TEMPO DURA UMA TONELADA, 2021

​O trabalho "Quando o tempo dura uma tonelada", foi desenvolvido no município de Brumadinho-MG, em 2021, dois anos após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, controlada pela empresa mineradora Vale S.A. Algumas perguntas nos impulsionaram a pensar esse ambiente tóxico e presente, ainda que invisível, por meio das fotografias: “O que ainda reverbera, mesmo que invisível, no local?”, “Quais outras formas de se fazer arquivo, documentando um evento não apenas na data ocorrida, mas num tempo expandido?”. Passado esse tempo da data do desastre, nossa proposta partiu de fotografar, de forma sensível, o que restou do evento na paisagem local, em 2021, dois anos após o ocorrido. O que ainda havia para ser visto, que persistia, haveria de ser fotografado sutilmente, quase às cegas, como um horizonte desolado e casas abandonadas cobertas, intencionalmente, por plantas rasteiras e capim que escondem a lama.

Utilizando  uma   câmera   Zeiss   Ikon   e   um   negativo   120mm,   produzimos imagens conjugadas, sem separação por frames, dando materialidade à  multiplicidade  de  dimensões  temporais  vigentes.  As  imagens,  construídas  em camadas, tanto reconstituem quanto criam diversas paisagens possíveis por meio de uma técnica que permite produzir uma sobreposição parcial das imagens, onde um quadro invade e recompõe o outro. A paisagem conjugada é algumas vezes invadida pelo próprio capim que invade as casas, ou pelo trem que carrega as montanhas. No processo de revelação dos negativos junto aos químicos, à água local contaminada por metais pesados e à poeira do minério de ferro revelam não apenas imagens do lugar, mas a própria materialidade do Córrego do Feijão, impressa na película como um fantasma. Para além de uma representação, um testemunho. As imagens fala, portanto, dessa paisagem invisível, imaginando o inimaginável, tentando capturar algo como se estivesse “pairando no ar” ou sob nossos pés.

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Exposições

2023: O corpo invisível da memória. Instituto de Arte de Ouro Preto (IA), Museu da Inconfidência, OP, MG.

2023Cosmopolíticas - Foto Rio. Rio de Janeiro, RJ.

2022: Cosmopolíticas - Festival Solar. Fortaleza, CE. 

2022: TERRARIUM - Fotograma Livre - FestFoto. Porto Alegre, RS.

2022: Da Terra à Terra - GAIA Galeria. Campninas, SP. 
2022: Mostra individual - BDMG Cultural. Belo Horizonte, MG.
2022: CosmopolÍticas produzida pela Fundação Clovis Salgado. Centro de Arte Contemporânea e Fotografia. Belo Horizonte, MG.
2022: Cosmopolíticas, produzida pelo Festival Foto em Pauta, com curadoria de João Castilho e Pedro David. Tiradentes, MG.
2021: Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger - FUNCEB. Exposição coletiva no Palacete das Artes. Salvador, BA
2020: Aprovação no edital de "Bolsa para coletivos em artes visuais" da lei Aldir Blanc, para o desenvolvimento do projeto.

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