DUO PAISAGENS MÓVEIS
BÁRBARA LISSA
MARIA VAZ
TRÊS MOMENTOS DE UM RIO, 2017-20
Em 2025 a cidade de Belo Horizonte é tomada por um dilúvio consequente do descaso pelos seus rios urbanos. Rios que transbordam o asfalto, atravessam tempos, transportam a cidade, sonham barcos. Ele insiste. “Três Momentos de um Rio” é uma fabulação poética e fotográfica dos rios urbanos da cidade de Belo Horizonte, numa profusão de tempos que olham seu passado, presente e futuros possíveis.
A preocupação com as decisões políticas desenvolvimentistas e predatórias à natureza acompanha este nosso trabalho, que teve início em 2017, quando iniciamos uma pesquisa histórica acerca dos rios da cidade de Belo Horizonte e seu processo de canalização e fechamento, que culminou em 208 KM de rios invisíveis sob as avenidas. Além da pesquisa histórica, anualmente registramos os períodos de chuva, cada vez piores, que causam alagamentos devido à falta de escoamento, o que nos levou a pensar um futuro para a cidade, datado para 2025, quando a cidade termina alagada e submersa após uma grande tempestade. Um futuro em aberto, pois, em meio à narrativa distópica, um homem constrói um barco. Não ignorando as águas que submergem a cidade, ele agora é capaz de navegar rumo a um outro futuro possível.
Em 2020, o Brasil presenciou as consequências catastróficas frente ao volume de chuva em Belo Horizonte, que foi o maior em 112 anos.
As canalizações tiveram início com a justificativa de que o progresso industrial acabaria com os esgotos a céu aberto e de que conteria alagamentos, mas o que vimos ao longo dos quase cem anos de canalização, foi que a cada ano as enchentes crescem e mais rios morrem na paisagem.
O trabalho se desdobra em fotografias, vídeos e um livro, que tratam do limiar entre realidade e ficção, na busca de resgatar o azul e seus afetos de volta à paisagem urbana.
POR ONDE ESCOA O AZUL, 2019
3'19''
Em meados da década de 20, acreditou-se que o cimento trazia o cheiro do progresso. Assim, foram iniciadas as obras para canalização dos rios de Belo Horizonte e seu posterior fechamento, como tentativa de conter enchentes e o fato de que as águas estavam virando esgotos abertos.
Num percurso retrógrado do curso d’água, desde a cachoeira do Arrudas até a região central, onde o córrego encontra-se retificado e canalizado, o videoarte traz a inundação da cidade de Belo Horizonte, quando os rios urbanos invisíveis retornam à superfície. Reocupando as ruas, junto a um grande dilúvio que ocorre em 2025, a capital mineira torna-se, gradualmente, submersa.
Concepção: Ágatha Araújo, Bárbara Lissa e Maria Vaz
Filmagem: Luíza Matheus e Natália Mateus
Trilha sonora: Bárbara Lissa, Maria Vaz e Lucas Gomes
Edição: Ágatha Araújo
O RIO HÁ DE INUNDAR TODOS OS HOMENS, 2018
1'58''
A partir da montagem e da apropriação de vídeos coletados no período das chuvas em Belo Horizonte, entre 2017 a 2018, esse vídeo apresenta registros das enchentes por toda a cidade, que se intensificam anualmente.
Concepção: Ágatha Araújo, Bárbara Lissa e Maria Vaz
Edição de vídeo: Loic Ronsse